Era uma vez um som
O som de uma melodia
Melodia que toca fundo na alma
Alma minha abalada pela solidão
Solidão do meu quarto
É no meu quarto que escuto o som
O som sutil de um instrumento
Instrumento delicado e belo
Tão belo como o de uma voz
Tão belo como o de uma voz
A voz que corre no vento.
O vento que ecoa no ar
O ar que lhe permite respirar
Respirar e dedilhar com perfeição
A perfeição de soprar uma flauta
A flauta mágica que me emociona
Emociona de tal maneira que correm lágrimas
Lágrimas que mexem com meu coração
Um coração que acredita no amor
Um amor que ficou perdidoPerdido como uma pétala no vento.
O que Ritchie, Andrea Bocelli, Carlos Vereza e até Tim Maia têm em comum? Além de adorar o trabalho deles, ambos tocam flauta transversa (e poucos sabem disso)! Ritchie (inglês) e Tim são artistas que deixaram sua marca na história da MPB, Andrea é um dos maiores tenores da atualidade, e o outro é mais famoso como ator de teatro, filmes e novelas. E por que escrevi uma poesia sobre este instrumento tão belíssimo que toca na alma? Talvez porque é o instrumento que mais se parece com a voz humana. Ritchie tem uma levada que lembra Ian Anderson (líder da banda Jethro Tull), mas também traz momentos sutis quando toca. Me emocionei quando ouvi pela primeira vez Tudo que eu quero (Tranquilo), a última faixa do famoso disco Vôo de Coração, pois além da música escrita por ele, ainda nos presenteou com um belo solo de flauta. Andrea Bocelli já tem uma influência mais clássica, mas não deixa de ser cativante. São raros os momentos em vídeo, mas antes da música Mascagni, ele aparece tocando flauta no DVD Tuscan Skies, que aliás recomendo para quem gosta do trabalho dele. Já no caso do Tim Maia foi algo curioso: quando era mais jovem, me chamou a atenção uma foto dele tocando, mas eu achava que só estava tirando onda. No entanto, era verdade, pois isso é mostrado num momento do programa Ensaio da TV Cultura, gravado em 1992. Durante um medley de bossa nova, Tim provou que também era capaz de tocar flauta. Algo que me deixou muito surpresa (fora sua habilidade conhecida com outros instrumentos como bateria, violão, percussão, etc...). E enquanto eu escrevia estas palavras, lembrava de como o Carlos Vereza dominava o instrumento com tanta delicadeza, precisa e emocionante ao mesmo tempo desde quando eu o via tocando pela primeira vez na TV, há mais de 20 anos. Tudo bem que seu professor, o grande flautista Altamiro Carrilho foi quem o elevou a este nível, mas até hoje meu querido mestre continua me surpreendendo, tanto que em alguns momentos, correm até lágrimas nos meus olhos, da mesma forma quando ele desempenha um personagem incrível como foi o caso do Senador Caxias em o Rei do Gado, por exemplo. A intensidade em que ele atua é a mesma quando ele toca a flauta, é tudo o que eu posso dizer. Quem quiser tirar suas próprias conclusões procurem os vídeos do Youtube ou vejam algumas das entrevistas do Programa do Jô e descubram estes raros momentos de pura beleza.
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