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Mostrando postagens de 2023

Meus Versos

Meus versos são o escuro, Iguais o livro de um muro, São ilusões de um futuro Que a gente vive a sonhar;  Imitar padres n'aldeia Embalados na colcheia Das cantinas do mar. Meus versos são uma Ermida Que o povo fê-la esquecida; São como a terra ebulida No desprender do normaço, Flores sem nenhum perfume, Amor que não tem ciúme, Ou como o brando queirume Se desfazendo no espaço. Meus versos são caracóis Calcimados pelos sóis, Ou como alguns rouxinóis Vagando errantes sem ninho, São uivados de raposa, Tristes como mariposas, Irmãos gêmeos da esposa, Que não possui mais carinho. São iguais vinhas sem uva,  Sentimento de viúva Ou simples gotas de chuva Desfeitas num chapadão;  São casebres desprezados, Corujões amedrontados Ou recrutas isolados Das ordens do batalhão. Meus versos são como escadas Pelos recantos quebradas, São meretrizes magoadas Lembrando o véu virginal; São cidades sem ter luz E cemitérios sem cruz, Ou a lágrima que traduz Um ato sentimental. São como dor que suplanta,

Estranho Ser

Os teus olhos de criança amendrontada      Percorrendo os caminhos do viver Serão teu guia para a eternidade Atormentando sempre, o teu frágil ser. Mesmo em forma de um simples feto Já se notava o trauma que trazias Porque a um simples contato do teu pai Dentro do ventre de tua mãe sumiam. O carinho que de fora te faziam Num gesto puro de ofertar amor Recuavas, como a proteger-te Sentindo asco ou talvez pavor. Meses de aflição foram passados Confundindo-se com o desejo de te ver Enfim chegaste, em perfeito estado Como teus pais julgavam merecer. Bonita talvez não fosses tanto Mas as formas perfeitas se notavam E embora te julgassem muito bela Algo estranho aos teus olhos se agitavam. Fostes crescendo, sempre com recusas Das coisas boas que o mundo oferecia E tua infância apesar de livre Te dava tudo menos alegria. Embora vivas com todo o carinho Não possuis traços que deverias ter Modificando todo seu semblante E transformando num estranho ser. Gilzelyne Ayres da Silva