Sem despedir-se sumiu
O ébrio da madrugada
Embaixo de uma marquise
Morrera sem dizer nada
Foram cruéis os seus dias
Vida curta e malfadada.
Suspiro de um coração
Imitando as folhas mortas
Tropeçando fracassado
Batia sempre nas portas
Roupa suja, voz cansada
Mancha de lama nas costas.
Dormia em qualquer lugar
No calçamento das ruas
O braço seu travesseiro
Suas pernas semi nuas
A calça toda em pedaços
Como bandeira nas ruas.
Seu sangue corria forte
Nas minhas veias irmãs
Eu o queria assim mesmo
Fui uma das suas fãs
Batia na minha porta
Tombando todas as manhãs.
Dos ébrios da meia-noite
Foi a ele quem mais amei
Porque era meu irmão
Eu nunca o desprezei
No seu túmulo uma cruz
E um retrato coloquei.
Foi jovem muito elegante
Lindo de olhos azuis
Sempre amou a poesia
Um mundo cheio de luz
Criou na imaginação
E o vinho deu-lhe uma cruz.
A vida é um metal
Que o vinho não lubrifica
Quem bebe não é seguro
A vida sempre ele arrisca
Hoje ele tomba a sorrir
Amanhã se prejudica.
Foi um grande alfaiate
De competência segura
Tinha tesoura e dedal
E uma voz à altura
Hoje só restam pedaços
Dentro de uma sepultura.
De manhã quando desperto
Vem os mesmos pesadelos
De olhos rasos de lágrimas
Despenteados os cabelos
Reforçados os pensamentos
Não posso jamais detê-los.
Sou masoquista, entendo
Quem quiser me condenar
Eis o pulso, ponha a algema
Me leve pré outro lugar
Onde eu não possa mais ver
Um triste ébrio a tombar.
Eu sou teimosa, insisto
Ou procurando na praça
Bem sei que ele partiu
Se desfez como fumaça
O tempo me diz que um dia
Essa tristeza ainda passa...
Silêncio de um ébrio morto
Imerso na solidão
Tem uma saudade presa
No vinho do garrafão
Minha tristeza jorrando
Das fibras do coração.
Chica Callado
O ébrio da madrugada
Embaixo de uma marquise
Morrera sem dizer nada
Foram cruéis os seus dias
Vida curta e malfadada.
Suspiro de um coração
Imitando as folhas mortas
Tropeçando fracassado
Batia sempre nas portas
Roupa suja, voz cansada
Mancha de lama nas costas.
Dormia em qualquer lugar
No calçamento das ruas
O braço seu travesseiro
Suas pernas semi nuas
A calça toda em pedaços
Como bandeira nas ruas.
Seu sangue corria forte
Nas minhas veias irmãs
Eu o queria assim mesmo
Fui uma das suas fãs
Batia na minha porta
Tombando todas as manhãs.
Dos ébrios da meia-noite
Foi a ele quem mais amei
Porque era meu irmão
Eu nunca o desprezei
No seu túmulo uma cruz
E um retrato coloquei.
Foi jovem muito elegante
Lindo de olhos azuis
Sempre amou a poesia
Um mundo cheio de luz
Criou na imaginação
E o vinho deu-lhe uma cruz.
A vida é um metal
Que o vinho não lubrifica
Quem bebe não é seguro
A vida sempre ele arrisca
Hoje ele tomba a sorrir
Amanhã se prejudica.
Foi um grande alfaiate
De competência segura
Tinha tesoura e dedal
E uma voz à altura
Hoje só restam pedaços
Dentro de uma sepultura.
De manhã quando desperto
Vem os mesmos pesadelos
De olhos rasos de lágrimas
Despenteados os cabelos
Reforçados os pensamentos
Não posso jamais detê-los.
Sou masoquista, entendo
Quem quiser me condenar
Eis o pulso, ponha a algema
Me leve pré outro lugar
Onde eu não possa mais ver
Um triste ébrio a tombar.
Eu sou teimosa, insisto
Ou procurando na praça
Bem sei que ele partiu
Se desfez como fumaça
O tempo me diz que um dia
Essa tristeza ainda passa...
Silêncio de um ébrio morto
Imerso na solidão
Tem uma saudade presa
No vinho do garrafão
Minha tristeza jorrando
Das fibras do coração.
Chica Callado
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